quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Liberte-se


Gosto muito de uma música do grupo Florence And The Machine, intitulada Shake It Out, algo como: Liberte-se! A música fala sobre o quanto guardamos os rancores quase como se fossem nossos melhores amigos, nos apegamos de tal forma que não percebemos o peso que eles nos causam. A questão é que damos aos nossos infortúnios um espaço no nosso coração e vida como se eles fossem bênçãos, no entanto o mal que eles causam é o mesmo de um “monstro” ou um “demônio”, ali sempre na espreita.

Que grata surpresa eu tive ao ler a tradução desta canção, quanta reflexão pode ser feita a partir dos versos. Dentre tantas coisas que pensei uma ideia se sobressaiu: Por que nos permitimos sofrer tanto? Quanta carga desnecessária trazemos conosco no dia a dia, quantas lembranças dolorosas invadem nossa mente da mesma forma que oxigênio infla os nossos pulmões.

Muitas vezes criamos um altar em nossa vida para aquela pessoa que nos fez mal, ficamos ali horas e horas lembrando e relembrando cada segundo do momento que essa pessoa nos magoou ou dos momentos. Revivendo tudo como um filme que pode ser assistido quantas vezes desejarmos. Convido você a destacar exatamente esta palavra “desejarmos”, por que desejamos lembrar e reviver algo que nos machucou? Não há lógica nisso – a não ser que você sinta prazer em sofrer, acredito que não seja o caso – se nos faz mal devemos nos livrar, o raciocínio é simples: se você compra um sapato e ele te machuca, te aperta normalmente você se livra dele, então questiono, por que não nos livramos de algo muito mais doloroso o rancor!

Um trecho da música diz “É difícil dançar com um demônio nas costas, então, liberte-se”. Vejo as magoas e, acima de tudo, a falta de perdão como esse “demônio” que nos impede de dançar, e o que seria dançar se não um dos melhores momentos de sintonia entre o nosso corpo e a nossa mente, ocasião em que desfrutamos de uma sensação ímpar de liberdade e prazer. Veja, quantas vezes deixamos de “dançar”, ou seja, de viver, por causa desses demônios em forma de mágoas que se tornam tão pesados em nossas “costas” impedindo assim os nossos movimentos e evolução. Liberte-se! Não permita que algo que te feriu antes te machuque agora novamente. Lembre-se é mais fácil correr, brincar, dançar quando se está leve. Livre-se dos monstros que ainda te assustam. Segure o o volante com firmeza e siga.

Finalizo com outro fragmento de Shake It Out, “É sempre mais escuro antes de amanhecer”. Quando sentimos que não há mais forças para suportar a escuridão da noite, das duas uma, ou não temos noção da nossa força ou o dia já está amanhecendo. Liberte-se!


Gabriella Camargo.
Sozinhos na multidão

Ninguém nasceu para viver sozinho, até as pessoas tidas como mais desajustadas, em muitos momentos necessitam apenas de sentirem-se inseridas em algum grupo e, muitas vezes, esse desajuste se desfaz. Infelizmente adotamos um estilo de vida extremamente individualista e egoísta e acabamos nos isolando.

A internet trouxe muitas mudanças e facilidades para a vida do homem contemporâneo, porém é importante lembrar as desvantagens que ela suscitou. Temos nos afastado cada vez mais uns dos outros, habitando mundos diferentes no mesmo metro quadrado.

É comum mantermos contato apenas sob a proteção da armadura chamada rede social. Apesar de nos apresentarmos cada vez mais desinibidos, com fotos sensuais e da vida íntima de nosso seio familiar expostas, por exemplo, nunca estivemos mais frios por dentro, preocupados em demonstrar uma vida perfeita, de comercial de margarina, ao invés de vivê-la, perfeita ou não.

Por que estamos tão dominados pelo medo de interagir verdadeiramente com as pessoas? Qual o sentido de falar com alguém que está ao seu lado fisicamente por mensagem? São questões difíceis de responder. Sozinhos na multidão. Tão cercados por outros seres humanos e agindo de forma tão robótica e artificial.

Vale destacar que a internet não é a causadora de tudo, é bem verdade que ela é uma ferramenta, uma tecnologia dominada e manuseada pelo homem, por tanto, ele decide como usá-la, com isso compreendemos que o buraco de solidão em que estamos nos colocando foi cavado por nós e alegra-me saber que essa mesma mão que cavou esse buraco pode se apoiar em suas paredes e sair dele.

É preciso decidir, sozinhos na multidão?

Gabriella Camargo.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Ser feliz

“Nunca deixe nas mãos de ninguém uma responsabilidade tão grande quanto a de assumir e promover sua felicidade! SEJA FELIZ, mesmo que faça calor, mesmo que esteja doente, mesmo que não tenha dinheiro, mesmo que alguém tenha lhe machucado, mesmo que alguém não lhe ame ou não lhe dê o devido valor.”

Lendo este texto, na verdade, esse é um fragmento de um texto maior que li de um link na página de um amigo, percebi o quanto somos injustos com os outros e principalmente com as pessoas que dizemos “amar”, estas são duramente castigadas, carregando o fardo de “nos fazer felizes”! Que absurdo! E o pior é que isto está tão claro e mesmo assim não percebemos e se percebemos normalmente é depois de muito ter se machucado e machucado ao outro.

Infelizmente temos o costume de culpar a todos por nossas dificuldades, menos a nós, verdadeiros responsáveis. Não quero dizer com isso que possuímos o controle total do universo e de tudo que acontece. É obvio que se você for assaltado ou sofrer algum tipo de violência não podemos considerar que foi responsabilidade sua. Refiro-me à maioria das ocasiões, as situações comuns da vida e essas são de fato responsabilidade de cada um de nós. Se alguém nos trata mal uma primeira vez provavelmente não temos culpa, mas da segunda em diante cabe a nós refletir sobre porque permitimos isto, uma vez que a pessoas fazem conosco aquilo que permitimos. Da mesma forma devemos encarar a nossa felicidade. Se somos tristes ou felizes não é por causa do que o outro nos faz e sim o que fazemos com isso, como lidamos com isso.

Escrevo este texto por justa causa, tenho, ou melhor, tinha colocado a minha felicidade nas costas das pessoas que eu convivia e principalmente nas pessoas que dizia amar. Como fui injusta! Se temos cada um a nossa vida e livre arbítrio para decidir o que fazer com ela é, no mínimo, ilógico imputar às outras pessoas a culpa pelos rumos que a nossa vida toma, principalmente no que diz respeito à felicidade. Basta raciocinar: cada um percebe o mundo de uma forma completamente particular, logo o que é belo ou gostoso para mim pode não ser belo nem gostoso para o outro, então, como posso exigir que o outro me faça feliz se o que é felicidade pra mim nem sempre será felicidade para outrem.  

A felicidade não tem uma receita, porém acredito que algumas mudanças de atitude podem nos deixar mais próximas dela. Minha humilde opinião é que o primeiro passo a ser dado rumo à felicidade é compreender que ela depende de nós, depois disso creio que seja mais fácil definir os próximos passos, pois, uma vez estabelecido que nós temos o “painel de controle” da nossa felicidade, os “botões” a serem apertados estarão ao alcance de nossa vontade.

Outra coisa importantíssima é diferenciar felicidade de alegria, pra mim a felicidade é um “estado de espírito”, enquanto que a alegria é uma sensação momentânea, isso quer dizer que ser feliz não é estar alegre o tempo todo! Vejo que por isso mesmo eu tinha dificuldade em acreditar na felicidade plena, pensava “como uma pessoa pode estar alegre o tempo todo?!” realmente, acho que é quase nula a possibilidade de existir uma pessoa que esteja alegre ininterruptamente, mas ser feliz o tempo todo é possível sim, basta treino, basta esforço para mudar o padrão de pensamento e tudo isto tem a ver com o poder da escolha! É preciso escolher ser feliz.

Desejo ser feliz e vejo que aos poucos – afinal de contas o que importa é a direção correta e não a velocidade – estou compreendendo que isso depende de mim e da forma como vejo a vida. Dificuldade todos nós temos e, honestamente, o mundo não mudará repentinamente o que muda é a forma como o encaramos. Desejo valorizar mais as belezas da vida principalmente as mais simples. Um fenômeno que sempre achei lindo é a chuva, como é gostoso ver os pingos caindo do céu, sentir o cheiro da chuva e o vento refrescante. Essa experiência prazerosa é gratuita e penso quantas vezes colocamos a responsabilidade pela nossa felicidade no dinheiro que possuímos ou não!

Desejo ser mais grata a Deus por estar aqui, desejo encontrar o caminho a seguir e independente da velocidade, das dificuldades deste caminho, desejo seguir por ele sendo FELIZ!


Gabriella Camargo 
                      Reflexo do tempo

O tempo nos proporciona tantas coisas, não obstante, outras mais ele leva. O tempo é um dos fenômenos mais intrigantes, sempre tão contraditório, relativo. Seus efeitos são poderosos, quase mágicos.

Não podemos perde-lo, pois não sabemos quanto nos resta, também não podemos acelerá-lo, ele tem ritmo próprio e se personaliza para cada um de nós.

Que estranha força esta chamada tempo; constrói e destrói; edifica e corrói; ora desejado ora rejeitado. Ele ajuda na cura, mas também no envelhecimento. Quanto poder! Quanta bipolaridade.

Talvez nunca o compreendamos! Sei que a vida é feita de tempo, o tempo de partir, de voltar; do silêncio e da fala. Tudo controlado por ele, o senhor que manuseia as engrenagens do relógio da vida.

Este espaço, bem caseiro, nasceu da necessidade de melhor utilizar a minha parcela deste poder mágico chamado tempo. Gostaria de compartilhar com vocês alguns pensamentos e análises sobre a vida e o que faz parte dela. Este é o meu Reflexo do tempo.


Gabriella Camargo.